Estamos de volta pessoal, nesse novo ano (Feliz 2011), para arrebentar. Embora pareça, hoje não estou tão feliz quanto gostaria. Vi uma cena na televisão que me marcou de modo à me deixar impressionado, abalado mesmo. Trata-se do vídeo de um resgate em uma região de serra no Rio de Janeiro, onde uma mulher ilhada em uma parte do que restou de uma casa é resgatada por vizinhos através de uma corda. A correnteza que à cerca é impressionante, ela se envolve na corda, amarra firme e se joga segurando um cachorro. Por um momento a senhora e o cão afundam na água, então a senhora tem que soltar o amigo para conseguir se salvar. Ela é puxada e salva, mas o pobre cachorrinho é levado pela correnteza.
“Ele mordeu meu braço para tentar escapar, mas não consegui segurá-lo. Se eu tentasse ajudá-lo, eu iria morrer. Coitadinho, ele ficou me olhando com aquele olhinho triste e se foi naquela água. Não tinha o que fazer”, disse Dona Ilair, a mulher resgatada.
A cena realmente dramática sintetizou, para mim, a intensidade do sofrimento de pessoas que estão vendo suas casas, seus bens, conquistas serem tomados por inundações repentinas, e, mais e mais deslizamentos. É tão estranho e de primeira vista, irreparável; cidades tomadas quase integralmente por toda aquela lama, desgraça, morte. Nostálgico e apegado como sou, o fato de que a cidade possa ser reconstruída não me cabe à idéia que um dia será o mínimo que já foi; por maior beleza e magnitude que possam ser aplicados à ela, tudo isso se tornaria turvo, desfocado pelas próprias lembranças. Personagens de um enredo inteiro, que se foram sem marcar no papel o que foram (se sobrou algum papel por lá). Mas não, graças ao Papai do Céu nem todos se foram, sobrou gente lá..torçamos para que pessoas se confortem e confortem quem necessite, que sejam iluminadas, renascidas surjam uma 'nova' Nova Friburgo, nova São José do Vale do Rio Preto e também uma nova Teresópolis.
Que embora um episódio cruel, sirva de lição à quem vê de fora e dentro, que nos enxergamos, que analisemos quão pequenos somos e quão grande podemos ser juntos; que desperte a fraternidade que no comum não foi usada, que as vítimas fatais descansem em paz, mas que os que ainda seguem nesse voo de turbulências que é a vida tirem força da razão de ainda estarem vivos, que não contestem à Deus, mas perseverem e fortaleçam sua fé.
DECOLORES!
Para quem quiser ver, o vídeo: